domingo, 3 de agosto de 2008

cara ou coroa

Tinha cinco anos. Seu tio o levou para assistir à disputa no jóquei da cidade. Ficou impressionado ao ver os senhores de chapéu com olhos fixos nos cavalos em disparada. As mãos apertadas com bilhetes entre os dedos. O roçar de dentes. O desejo.

Naquele dia, o menino também fez suas primeiras escolhas. Não sabia os números, mas tinha um certo faro pra perceber quem seria o vencedor, talvez sorte.

Na escola, passou a apostar mais que meras figurinhas, cartas, lanches, até concluir que a vida parecia demais com uma corrida de cavalos. Uma questão de sorte. Uma aposta, sem chance de volta.

Sua mãe demorou a perceber o tom desafiador na voz do filho. Aquele seu jeito de olhar como quem diz “pago pra ver”. Certa vez, pensou que era coisa da juventude e continuou a arrumar a sala.

Depois, o garoto passou a fazer apostas com ele mesmo. Difícil foi perder. Mudava as regras no meio do jogo, só pra não correr tamanho risco. Os amigos o ouviam, sussurando sozinho: par ou ímpar, valete ou reis, cara ou coroa.

Na hora da sua morte, quando já era um velho senhor de barbas brancas e cansadas, desistiu da aposta. De todas que ainda restavam. Deu um sorriso bobo como quem não quer nada. E dormiu sem ganhar ou perder.

3 comentários:

Grazy disse...

Volteiiiii Meninassssss e pelo que vejo tenho um blog ai pra acompanhar tbm....

Beijossss

Dani Martins disse...

Lorreine!
Vi seu comentário só agora no meu blog. Abandonado total. ;(
Mas então, mudei mesmo de tema, deixei as criancinhas de lado e parti para os homens, hehehe...
Vou tentar identificar o perfil do consumidor masculino no mercado de moda, usando revistas como Vip, Playboy etc. com base.
Também tive que trocar de orientadora, aos 49 minutos do segundo tempo. Tudo aconteceu, entregando, tirando seis e passando, tá de bom tamanho, heheehe...

bjinhos.

Thaís V. Manfrini disse...

Adorei!
Parabéns, Lô.

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