sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Do dia

*pequeníssimo diálogo para passar o tempo*
- que chuva hoje, hein?
- pois é, será que amanhã dá sol?
- não sei não. tomara né? fim de semana... tomara.
- é...

*pequeníssimas pinturas do cinzento*
Uma criança imagina amarelinha nas poças de chuva.
A fumaça do cigarro mistura-se à chuva quase gasosa – fina.
O colorido do guarda-chuva é quase um arco-íris para o dia.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Efêmero

Invariavelmente, na rua ou no ônibus, esbarrando diariamente em centenas de pessoas diferentes, escutamos pequenas partes da conversa alheia. Ontem, uma em particular me chamou a atenção:

- E você? Tá ainda casada?
- (entediada) Tou né.
- Nossa, faz quanto tempo já?
- Nove meses.

Pois é, depois de nove meses ela continua está casada. Pelo andar da carruagem, e o tom de felicidade com que ela dialogou, o divórcio não demora a chegar.
Diante disso, me pergunto: para quê casamento, se, hoje em dia, tudo é tão efêmero, tão rápido? Não basta o sentimento, e tudo o que vem com ele, naquele momento?
Sou a favor do eterno namoro, eterno enquanto durar. Se acabar, paciência. Cada um para o seu lado. Para quê complicar o que é tão simples?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Palavras I

Tenho exercitado pouco a escrita. São palavras que embrulham meu estômago quando estou cansada. Então descanso e as letras parecem cascatas sob a pele.
Vontade de dizer algo e não poder.
Vontade de inventar boas novas, sem saber ao certo por onde começo. São fonemas que escuto ao pé do ouvido e eles me deixam zonza. Perdi a linha em algum lugar da estação. E as entrelinhas fazem silêncio demais.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A letra ‘e’

É que a gente passa a vida se preocupando com coisas bobas. Larga esse papel da mão e olha pra mim. Me diz todas as palavras que começam com ‘e’. Todas as que tu lembras, vai.
Tá, eu sei, a gente fazia isso na escola e era ridículo. Eu me esquecia das palavras mais banais, como escova, espelho e espírito. E tu inventavas variações pra esperançoso, estalactite, esquizofrênico.
Já percebeste como a gente esquece palavras simples? Tem tanta coisa que a gente nem diz mais, porque algumas histórias se perderam no tempo e porque nos achamos adultos demais.
Sim, eu sei. Odeias quando minhas frases rimam, mesmo sendo rimas imperfeitas. Mas larga esse papel, vai. É porque tua voz cínica dizendo esdrúxula é ainda o que me deixa mais viva. Aceito até perder em paz.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Cotidiano

Ontem à noite, estava saindo de casa, pensando na vida de cara fechada, como de praxe. Foi quando olhei para frente e me deparei com um rapaz moreno, de cabelo comprido vestido com roupas simples. Ao me ver séria, ele, com uma expressão assustada, falou: "não se assusta não, moça".
Imediatamente a vergonha e a culpa tomaram conta de mim. O que estamos fazendo com os outros? E conosco? Afinal, ele estava apenas recebendo da vizinha o pagamento por um trabalho que fez.
BlogBlogs.Com.Br